A Teoria dos SetĂȘnios - Antroposofia
top of page

A Teoria dos SetĂȘnios - Antroposofia

A teoria dos SetĂȘnios faz parte da Antroposofia, uma linha de pensamento criada pelo filĂłsofo AustrĂ­aco Rudolff Steiner. Esta linha entende que existe uma espĂ©cie de “pedagogia de viver”, que, segundo Steiner, abrange vĂĄrios setores da vida, como a educação, a saĂșde, a agronomia, entre outros.

Para Antroposofia, o ser humano precisa conhecer a si mesmo, afim de compreender o Universo, visto que todos nĂłs integramos e participamos do Universo. Nas palavras de Steiner, Ă© “um caminho de conhecimento que deseja levar o espiritual da entidade humana para o espiritual do universo”.

A teoria dos setĂȘnios foi elaborada a partir da observação dos ritmos da natureza, da qual nĂłs humanos fazemos parte. Baseia-se em dividir a vida em fases de sete em sete anos. Os setĂȘnios demonstram como se pode entender os ciclos de vida de uma maneira prĂĄtica e sĂĄbia.

O nĂșmero sete Ă© muito importante na maioria das culturas. Vale lembrar que na bĂ­blia Deus criou o mundo em sete dias; a semana possui sete dias; temos sete planetas relacionados ao homem (Sol, Lua, MercĂșrio, VĂȘnus, Marte, JĂșpiter, Saturno) que sĂŁo tambĂ©m os sete deuses olĂ­mpicos; e sĂŁo sete metais (ouro, prata, mercĂșrio, cobre, ferro, estanho e chumbo).

A teoria revela as complexidades de cada etapa e como o corpo humano influencia as emoçÔes e atitudes.

A Teoria dos SetĂȘnios possui sete ciclos:

0 a 7 anos – O ninho. Interação entre o individual (adormecido) e o hereditário

A primeira infĂąncia Ă© uma fase de individuação, de construção do nosso corpo, jĂĄ separado do da nossa mĂŁe, da nossa mente e da nossa personalidade. Nesse ciclo nossos ĂłrgĂŁos fĂ­sicos estĂŁo sendo formados para que sejamos indivĂ­duos Ășnicos. O crescimento estĂĄ ligado Ă  nossa cabeça, ao ponto mais alto, o superior, o pensar.

A separação da mãe é um momento importante para a psique e para o corpo. A Antroposofia, entende que na primeira infùncia a criança tem que perceber os aspectos positivos do mundo, para quererem estar aqui e cultivarem a felicidade em longo prazo.

O primeiro setĂȘnio deve oportunizar o movimento livre, a corrida, as brincadeiras, deve permitir que a criança teste e conheça seu corpo, seus limites e suas percepçÔes de mundo. Por isso o espaço fĂ­sico Ă© muito importante, bem como o espaço do pensar e o do viver espiritual.

7 a 14 anos – Sentido de si, autoridade do outro, autoridade amada

Fase dos dentes permanentes e amadurecimento do coração e pulmĂŁo, promove um profundo despertar do sentimento prĂłprio. O mundo externo nos encontra, forças entram e saem de nĂłs. A grande marca Ă© a troca. Neste setĂȘnio a autoridade de pais e professores tem enorme relevĂąncia, esses adultos orientam a conduta da criança. As atitudes desses mediadores influenciam como a criança verĂĄ o mundo. Autoritarismo mostra frieza e crueldade, permissividade leva a comportamentos inapropriados.

Nesse ciclo as normas e os hĂĄbitos estĂŁo sendo absorvidos, o desenvolvimento sadio do ser humano estĂĄ relacionado Ă  dosagem, o equilĂ­brio e a harmonia das relaçÔes de autoridade, valores, limites e permissĂ”es. É o sentir que estĂĄ sendo afetado, o desenvolvimento das emoçÔes. Do interior para o exterior e vice-versa.

A arte deve ser estimulada, os mundos artístico e religioso auxiliam no sentido de si e do mundo, fluindo a alma, que busca a beleza e a fé. E, sobretudo, fazendo um contraponto à dura descoberta das diferenças, pois é também nessa fase do conhecimento de si que percebemos como uns e outros são diferenciados na sociedade, como as diferenças sociais, religiosas, raciais ou mesmo geogråficas.

14 a 21 anos – puberdade/adolescĂȘncia – crise de identidade

A mulher menstrua e o homem entra em sua fase fĂ©rtil. O ser humano sai da abstração da infĂąncia e desembarca no mundo terreno. Nesta crise de identidade, onde nĂŁo se Ă© mais criança nem adulto, o indivĂ­duo quer liberdade. O mundo nĂŁo estĂĄ mais restrito a famĂ­lia e a escola. A pessoa deseja ser reconhecido como indivĂ­duo e ser aceito por um grupo, ele precisa se reconhecer e ser reconhecido, achar a “sua turma” para compor um grupo no qual se identifique.

A marca deste setĂȘnio sĂŁo as escolhas, qual profissĂŁo seguir e onde estudar. Nesta fase Ă© onde a vida profissional tem inĂ­cio, dando parte da sonhada liberdade. O jovem pode distorcer as coisas e acreditar que o dinheiro Ă© a chave de tudo. Existe a crença de que somos maduros o suficiente, que sabemos tudo e podemos emitir julgamentos racionais.

Essa liberdade também tem um sentido de exposição. Tudo estå voltado para o externo, para fora, para o mundo. Hå uma dificuldade em ouvir o outro e entender suas posiçÔes, tudo deve seguir o seu sentimento de mudança, de julgamento de certo e errado, de bom e ruim. As trocas nesse ciclo são importantíssimas. O diålogo, a abertura ao novo, a pråtica da compreensão, da solidariedade, assim como o seu reconhecimento e o pertencimento.

Os questionamentos sĂŁo fruto desses choques. É o momento de questionar a tudo e a todos. O caminho contrĂĄrio do “habitual” pode ser exclusivamente para reforçar a tensĂŁo. As drogas podem estar nesse contexto. É importante que saibamos que Ă© uma fase extremamente difĂ­cil, onde o adolescente precisa negar e se opor, para que, a partir da percepção do que nĂŁo Ă©, encontrar-se a si mesmo.

21 a 28 anos – O “Eu” – a independĂȘncia e a crise do talento – experimentar limites

Ossos e mĂșsculos fortes. Homem e mulher estĂŁo no auge da fertilidade. No quarto setĂȘnio Ă© a fase das sensaçÔes e emoçÔes. Momento de se perguntar se escolheu a profissĂŁo correta, se deixou de aprimorar alguma aptidĂŁo e se estĂĄ em harmonia com o mundo, famĂ­lia e consigo. O “Eu” ainda estĂĄ em fase de formação, porĂ©m, se mostra fortemente. O trabalho Ă© muito importante para esta formação. NĂŁo atingir os objetivos causa frustraçÔes.

A histĂłria das pessoas começa a ser traçadas por elas mesmas, pois hĂĄ uma tomada de caminho que nĂŁo depende mais, diretamente, das outras instituiçÔes. É uma emancipação em todos os nĂ­veis, mas como resultado de toda a experiĂȘncia nos trĂȘs primeiros setĂȘnios. Surpreendentemente, Ă© tambĂ©m a fase em que mais nos influenciamos pelos outros, pois a sociedade dirĂĄ o ritmo da vida de cada um.

Nesse ciclo, os valores, aprendizados, e liçÔes de vida passam a fazer mais sentido. As energias estão mais pacificadas. Nosso lugar no mundo é o principal objetivo. A colocação profissional assume um papel muito importante. O não atingimento desse objetivo pode gerar muita ansiedade e frustração, especialmente se todos os anos até aqui não foram suficientes para descobrirmos e desenvolvermos os nossos talentos.

28 a 35 anos – fase organizacional e crises existenciais

O rosto revela as primeiras rugas. O indivĂ­duo questiona se estĂĄ no caminho certo. A pessoa tambĂ©m pergunta se consegue expressar seus sentimentos e pensamentos. A famosa “crise dos 30” traz angĂșstia e vazio. A busca pelo seu lugar no mundo leva a pessoa a uma jornada espiritual “caminho da alma”. A harmonia demora a acontecer, somos cobrados por estrutura, firmeza, estabilidade, uma base, um pilar, que seja material e que tambĂ©m sejam mental e espiritual. Para a Antroposofia, apĂłs o 31 1/2, que Ă© a metade do 63Âș ano de vida Ă© o tĂ©rmino das influĂȘncias planetĂĄrias e zodiacais. Passada essa idade, conquistamos mais liberdade.

Estamos realmente, nessa fase, em organização. É nesse ciclo que passamos a pesar uma sĂ©rie de coisas, avaliar a trajetĂłria da nossa vida, esse nĂŁo lugar nos força a perguntar “quem sou eu”. HĂĄ uma renovação a partir desse ciclo. Estamos tendo crises, mas Ă© por meio dessas crises que construĂ­mos novos pensamentos, novos valores, terminamos relacionamentos e começamos outros, mudamos de emprego, de ideologias, de partidos polĂ­ticos, enfim
 crises, desorganizaçÔes e reorganizaçÔes.

35 a 42 anos – crise de autenticidade

Os cabelos embranquecem e começam a cair. Na fase da consciĂȘncia, o indivĂ­duo se pergunta o que virĂĄ, se foram adquiridos valores importantes e se encontrou e exerce sua missĂŁo de vida. O sexto setĂȘnio tem conexĂŁo com o anterior, no que tange as crises. Este traz descontentamento e dĂșvidas se ainda conseguirĂĄ fazer algo novo e interessante.

Temos, aqui, mais capacidade de julgamento, gozamos de mais maturidade psĂ­quica e emocional. Em geral, jĂĄ acumulamos alguns bens materiais ou ao menos conseguimos uma renda que seja suficiente para as questĂ”es bĂĄsicas de consumo. O desafio, entĂŁo, Ă© encontrar valores espirituais e nos reconhecermos como seres Ășnicos. A pergunta Ă©: como Ă© que encontro o caminho para a essĂȘncia do mundo e para a minha prĂłpria essĂȘncia?

É possĂ­vel que esse ciclo traga um descontentamento com o novo. Pode ser que o sujeito questione se, chegando aos 40 anos, ainda hĂĄ algo novo para se fazer. Buscar coisas novas Ă© um exercĂ­cio importante para esse ciclo. Em contraponto ao novo, hĂĄ uma aceitação maior do que se Ă©, de como se Ă©, das histĂłrias e experiĂȘncias de vida.

42 a 49 anos – altruísmo x querer manter a fase expansiva

Começam a menopausa e a andropausa. O medo do envelhecimento surge. A grande dĂșvida Ă© se estĂĄ desenvolvendo alguma habilidade. Questionamentos sobre o relacionamento conjugal e com os filhos ocupam a mente. A crise dos 30 foi superada e tem inĂ­cio um perĂ­odo de recomeço. Nesta fase, o indivĂ­duo estĂĄ sedento por novidades, entretanto, as mudanças causam medo. Mas, a pessoa tem plena consciĂȘncia de que “como estĂĄ, nĂŁo dĂĄ pra ficar”.

Essa dinĂąmica impulsiona a tomada de decisĂ”es que, por vezes, ficou anos sendo gestadas dentro de si. Pode ser a separação conjugal, a saĂ­da de uma empresa, ter um filho, etc. É uma fase que corresponde, em termos energĂ©ticos, Ă  fase que vai dos 14 aos 21 anos. Ficamos saudosistas, queremos reviver coisas da nossa adolescĂȘncia. Voltamos a desafiar nosso corpo e fazer esporte.

Esse setĂȘnio traz o contraditĂłrio: queremos mudanças, estamos em busca do novo, mas o envelhecimento que Ă© uma mudança natural nos assusta, incomoda, gera ansiedade, muda nosso comportamento com relação a nĂłs mesmos e ao mundo

49 a 56 anos – ouvir o mundo

Menos vitalidade. O perĂ­odo inspirativo ou moral traz as seguintes questĂ”es: “Como estĂĄ meu ritmo de vida?”, “O que preciso cortar da minha vida, para que o novo possa surgir?”. É a fase de desenvolvimento do espĂ­rito. É um setĂȘnio tranquilo e positivo. As forças energĂ©ticas voltam a estar concentradas na regiĂŁo central do corpo, mas estĂŁo voltadas ao sentimento da Ă©tica, da moral, do bem-estar, questĂ”es universais, humanĂ­sticas.

Este setĂȘnio Ă© fisiologicamente parecido com o segundo setĂȘnio (7 aos 14 anos- intercĂąmbio entre o individual (adormecido) e o hereditĂĄrio), pois, o ritmo precisa ser priorizado para começar uma nova rotina. É a fase de uma audição diferente, na qual ouvimos a voz do coração para a renovação Ă©tico e moral.

É um momento em que estamos mais conscientes do mundo e de nĂłs mesmos. É um bom momento para reconhecer os mĂ©ritos da nossa histĂłria, aceitando-a sem julgamentos. Esse ciclo desperta em nĂłs o existencialismo para observarmos mais de perto o valor simbĂłlico das coisas. Deixamos o pessoal, particular em busca do universal, do humanĂ­stico, do existencial.

56 a 63 anos – (e adiante) abnegação/sabedoria

O nono setĂȘnio Ă© a fase da intuição. O nono setĂȘnio Ă© equivalente ao primeiro (0 a 7 anos – intercĂąmbio entre o individual (adormecido) e o hereditĂĄrio).

No 56Âș aniversĂĄrio ocorre uma mudança significativa na maneira como o indivĂ­duo se relaciona com ele e com o mundo. HĂĄ uma preocupação sobre o tratamento dado ao corpo. É muito importante estimular o cĂ©rebro. Ler, fazer palavras cruzadas, andar por ruas que nunca andou. O cĂ©rebro, assim como qualquer ĂłrgĂŁo precisa ser estimulado para funcionar corretamente.

O interno passa a fazer muito mais sentido que o externo. É importante internalizar-se, desenvolver os sentidos espirituais. Torna-se difĂ­cil a comunicação com o exterior (choque de geraçÔes). A pessoa passa a prezar a reclusĂŁo, pois, sabe que a busca por autoconhecimento depende disso. Este afastamento traz aprimoramento da espiritualidade.

Atividades muito bem-vindas nesse setĂȘnio sĂŁo as acadĂȘmicas – lecionando ou fazendo novos cursos – escrever textos ou um livro, o laser em grupos de pessoas na mesma fase da vida, viagens e outras formas que relacionem prazer e aprendizado. A aproximação da famĂ­lia ou a construção de novas famĂ­lias tambĂ©m ajudam a dar novo sentido Ă  vida.

DĂ©cimo setĂȘnio: 63 aos 70 anos

É a fase do mestre. A criança tem ao seu redor uma luz ainda nĂŁo definida. No dĂ©cimo setĂȘnio essa luz estĂĄ na alma do indivĂ­duo e irradia. A luz brilha somente quando a saĂșde fĂ­sica e mental estĂŁo boas.

 
 
 
Featured Posts
Recent Posts
Pesquisa por tag
Siga-nos
  • LinkedIn Social Icon
  • YouTube Social  Icon
  • Facebook Classic
bottom of page